Na maioria das sociedades do passado, eram apenas os homens que engajavam no artifício da guerra. Porém, algumas histórias vêm sendo resgatadas mais recentemente mostrando que apesar de poucas, algumas mulheres participaram ativamente dela. Tomoe Gozen foi uma dessas mulheres. Uma guerreira Samurai.
Tomoe participou das guerras Genpei, um confronto entre dois clãs japoneses que durou 5 anos.
No Conto dos Heike, um relato épico sobre essa luta, que se provou conter relatos reais, Tomoe é descrita como especialmente bonita, excelente arqueira e "com uma espada valia por mil guerreiros".
Nesta guerra, ela teria comandado 300 samurais, sob a liderança de Yoshinaka, seu marido ou amante, na posição de primeira capitã, contra 2000 guerreiros do clã rival.
Em 1184, ela e outros guerreiros tomaram Kyoto, após vencerem a Batalha de Kurikara.
Apesar de raro uma mulher ir para a guerra, era comum as mulheres no Japão feudal receberem treinamento com a espada (naginata) e o arco e flecha. Eram conhecidas como ONNA BUGEISHA e treinadas para a defesa, com a função de proteger a casa de ataque inimigo. Tomoe era, no entanto, uma guerreira ofensiva e ia para a guerra com os homens.
Esse papel de guerreira não comunga com o imaginário ocidental das mulheres japonesas complacentes. Porém, Tomoe se tornou quase uma figura mítica no Japão. Ela fez parte do grupo de 5 ou 6 guerreiros que sobrevivem quando Yoshinaka foge de Kyoto e tem seu exército dizimado, numa disputa pelo poder dentro da própria família. Seu primo Yoshimori vence o conflito.
Quando Yoshinaka morre, na Batalha de Awazu, Tomoe diz que quer matar um último oponente para honrá-lo. Então, um grupo de guerreiros se aproxima e ela cavalga direto para eles, agarra o líder e o decapita.
Apesar de algumas de suas histórias heróicas terem sobrevivido, o seu destino final é bastante incerto. Existem pelo menos três versões para ele. Há quem diga que ao ser derrotada por Yoshimori, ela é forçada a se tornar sua concubina. Outros dizem que ela escapa do campo de batalha e se torna uma freira budista, morrendo apenas com 90 anos. Ou há ainda quem defenda que ela vinga a morte de Yoshinaka matando seus inimigos e depois dá fim a sua própria vida se jogando no mar.
Independente do seu destino final, a história dos seus feitos corajosos e brutais vive até hoje. Entre o misticismo e a vida real sobrevive a história de uma mulher que fez seu próprio caminho e lutou as suas próprias batalhas.