História de Tereza Lee

“Cada pessoa sem documentos legais de residência ou cidadania tem uma história única”, com esta frase Tereza Lee começou um dos seus discursos sobre o projeto DREAM Act.

Na sexta passada, com a história de Madeleine Albright, vimos as razões pelas quais as pessoas migram e como os desafios são diferentes para cada um. Hoje, vamos aprofundar o tema, com a história de Tereza Lee, a mulher que nasceu no Brasil e viveu como imigrante ilegal nos EUA.

Nascida no Brasil, Tereza Lee, é filha de pais sul-coreanos. Eles mudam-se para os EUA quando ela tinha apenas dois anos.

Aos 7 anos, o pai reuniu a família e lhe contou o segredo: eram imigrantes ilegais e ninguém poderia saber, pois corriam o risco de serem separados. Ela conta que isso a fez viver sob constante medo de ser deportada e frequentemente tinha pesadelos terríveis.

Apesar de muito pobres, sem móveis em casa e às vezes sem alimento, o pai, que fazia parte de uma congregação religiosa, tinha acesso a um piano.

Foi assim que Lee começou a aprender a tocar piano, por conta própria, canalizando sua energia para a música. O piano se tornou sua paixão e sua salvação diante da vida difícil.

Posteriormente, teve aulas formais, com o diretor do coro da sua escola, e então, na Merit School of Music, escola que tem como objetivo “ajudar os jovens a transformar suas vidas e experimentar o crescimento pessoal através da música”. Ela fez o teste e se qualificou para as aulas.

Aos 16 anos, ela se tornou a primeira estudante do centro de Chicago a vencer uma competição para tocar com a Orquestra Sinfônica de Chicago. Essa experiência foi “surreal”, diz Lee. “Eu não achava que alguém como eu poderia ganhar algo assim.”

Mais tarde, uma das suas professoras, Ann Monaco, a perguntou para quais faculdades ela havia aplicado. Sem saber o que dizer, ela disse que não iria para a faculdade.

A professora, então, imprimiu os formulários e entregou a ela 10 aplicações, pedindo-a para preencher. Ela preencheu, mas logo que a professora recebeu os papéis viu que o número da segurança social não estava preenchido.

Lee começou a chorar e explicou que era uma imigrante sem documentação. Foi a primeira vez que ela disse isso para alguém fora da sua família. E pediu que a professora não a denunciasse, pois a família poderia ser separada.

A duas, então, entraram em contato com um senador para escrever um projeto de lei que permitiria que ela frequentasse a faculdade.

O senador apresentou a lei DREAM (Development, Relief, and Education for Alien Minors), que busca garantir cidadania a quem chegou aos Estados Unidos ainda na infância.

Por azar do destino, a votação para a aprovação da lei estava marcada para o dia 12 de setembro de 2001, no dia anterior aos ataques terroristas de 11 de setembro, o que interrompeu a votação e o sonho de milhares de estudantes.

Várias versões da lei foram introduzidas no Congresso, embora nenhuma tenha se tornado lei ainda.

Lee se mudou para Nova York para estudar na Manhattan School of Music, obtendo a graduação e a pós-graduação. Atualmente já tem o seu doutorado. Não surpreendentemente, sua tese explora cinco compositores que imigraram para os Estados Unidos, e “o que significa ser um compositor americano hoje, vindo de origem imigrante”.

Atualmente, legalizada por casamento, a sua luta não acabou. Em 2017, ficou brevemente presa após uma manifestação que exigia apoio para a Lei DREAM.

A história de Tereza Lee é única, mas também conta sobre os desafios de muitas outras pessoas que imigram ilegalmente e podem ter suas vidas completamente modificadas da noite para o dia.

E já que é tão raro ouvirmos a perspectiva particular das mulheres sobre a vida migratória, o meu exercício aqui é aumentar o nosso repertório sobre essas histórias. Conhecer histórias diversas é um exercício de completar uma visão mais ampla sobre qualquer tema. Se prestarmos atenção, a história de Lee, não é apenas uma luta por legalização, mas uma luta por mais liberdade.

 

#DICA

Série: Asian Americans
Tereza Lee espera que a série da PBS, (disponível da Amazon Prime) “informe mais pessoas sobre a história asiático-americana. A informação é muito importante. A ignorância leva ao medo, leva ao ódio. A educação leva à empatia”.

Livro:
A história de Lee e outras 99 dessas histórias estão no livro. Embora não tenha incluído a si própria no livro, a autora Favilli é uma imigrante italiana, que trocou Milão pela Califórnia no início da carreira como jornalista para criar a empresa de mídia Garotas Rebeldes.

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