No Vice-reino da Nova Espanha, que ocupava regiões da América do Norte e Central, as mulheres não tinham permissão para estudar.
A história de Sor Juana Inés de La Cruz é um legado no sentido oposto. Ela construiu um caminho autônomo, se tornando uma destacada poetisa barroca, filósofa e dramaturga numa época onde tal feito era absolutamente surpreendente.
Juana viveu os primeiros anos de vida na propriedade do avô paterno e conta-se que se escondia na capela para ler os livros que pegava escondido na biblioteca do avô.
Aprendeu a ler com 3 anos. Aos 5 já conhecia os princípios da matemática. Aos 8 escreve seu primeiro poema. E aos 13 já ensinava outras crianças.
Quando foi viver na Cidade do México, aos 16 anos, pediu que a mãe a deixasse se disfarçar de homem para poder ingressar na Universidade. Sem a permissão continuou estudando de forma autônoma.
Seu ímpeto e determinação a levaram a ser dama de companhia da vice-rainha, Leonor Carreto. Seu conhecimento foi testado pelo Vice-rei na frente de juristas, teólogos e filósofos que ficaram surpreendidos com a sua inteligência e eloquência.
Esse acontecimento lhe rendeu grande reputação na corte. Devido a fama conquistada teria recebido diversos pedidos de casamento. Todos negados.
Ela escolheu tornar-se freira para continuar seus estudos livremente. Entrou para a Ordem das Jerônimas e no convento de Santa Paula estudou, escreveu e criou uma grande biblioteca.
Seus escritos e publicações foram possíveis graças ao financiamento dos vice-reis. Tendo sido publicados inclusive na Espanha.
Escreveu pensamentos feministas muito à frente do seu tempo. No poema “Homens Estúpidos” ela defende o direito da mulher ser respeitada como ser humano, gozando dos homens que criticam a prostituição, mas se beneficiam dela.
Sua habilidade intelectual incomodou. Seu confessor jesuíta recriminou-a por escrever, mas com a proteção da vice-rainha conseguiu rejeitá-lo como confessor.
Escreveu também “Inundação Castálida”, um volume de poesias que faz referência a Fonte Castálida, da mitologia grega, onde quem bebia de suas águas era abençoado com a inspiração poética.
Nos últimos anos de sua vida, enfrentou censura por parte da Igreja ao defender o direito das mulheres à educação e escrever livremente. Foi obrigada pela Igreja a se desfazer de sua biblioteca e dos seus instrumentos científicos.
Alguns dos seus escritos sobreviveram graças à vice-rainha, María Luisa, que possuía poemas de Sor Juana escritos para ela. Até hoje se discute se a relação entre elas era mais do que uma amizade.