Regina Graz é considerada como a introdutora das artes têxteis modernas no Brasil e tida como uma das artistas mais produtivas no meio artístico nacional durante a primeira e segunda geração do modernismo.
Apesar de sua participação na Semana de Arte Moderna de 1922, sua trajetória foi obscurecida. O objetivo aqui é resgatar esse nome e entender seu apagamento.
Início e Formação
Regina Gomide Graz nasceu em Itapetininga, São Paulo, em 1897. Em 1923, no Rio de Janeiro, realiza pesquisa sobre tecelagem indígena do Alto Amazonas, sendo pioneira no interesse pela tradição indígena brasileira.
Dedica-se à tapeçaria e confecciona panneaux, colchas, almofadas, tecidos e abajures em estilo cubista e art deco.
Semana de Arte Moderna de 1922
Regina foi convidada a participar da Semana de Arte Moderna em São Paulo.
Este evento foi um marco na história da arte brasileira, promovendo a ruptura com o academicismo e a valorização das expressões artísticas modernas.
Regina apresentou suas obras têxteis, que destacaram-se por incorporar elementos da cultura brasileira e técnicas modernas de tecelagem, consolidando sua posição como uma pioneira no campo.
Anos Posteriores
Em 1930, participa da decoração da Casa Modernista, projetada por Gregori Warchavchik (1896 - 1972) em São Paulo.
De 1932 a 1934 faz parte da Sociedade Pró-Arte Moderna - Spam e entre 1934 e 1940 participa do Grupo 7 com Victor Brecheret, Elisabeth Nobiling, Yolanda Mohalyi, Rino Levi , John Graz e Antônio Gomide.
Abre, em 1941, um negócio próprio com o nome de Tapetes Regina Ltda, que funcionou até 1957 produzindo tapetes, cortinas e estofados.
Apagamento
No entanto, apesar de seu talento e inovação, é pouco conhecida do grande público em consequência de seus trabalhos serem vistos como colaborações com seu marido, o decorador John Graz e seu irmão, o pintor Antônio Gomide.
Nos documentos sobre os projetos decorativos Regina é constantemente colocada como “colaboradora”, ou seja, numa posição secundária, ao invés de propriamente como “autora”.
Arte Têxtil e o Feminino
Além disso, a arte têxtil era frequentemente considerada uma arte menor, associada ao trabalho feminino e, portanto, menos valorizada.
Esses fatores contribuíram para que sua história fosse pouquíssimo contada e praticamente esquecida.
Conclusão
A história de Regina Graz é um testemunho corriqueiro sobre o tratamento dado às mulheres na arte têxtil e na história da arte brasileira.
Sua participação na Semana de Arte Moderna de 1922 e suas inovações no campo do design têxtil não foram suficientes para que seu nome seja conhecido do grande público.
Porém, acredito que ela nos ensina que a arte têxtil é uma forma legítima de expressão artística. Quanto mais conhecermos sua história, mais seu legado poderá deixar o silenciamento histórico.