Os mitos são narrativas muito antigas que por terem sido repetidas muitas vezes criam padrões em nosso inconsciente coletivo. Por isso, acessar essas histórias de forma consciente pode trazer luz sobre as nossas próprias vidas.
O mito não é uma história literal, mas um caminho de metáforas que cabe a cada um interpretar segundo a sua própria jornada para absorver seus ensinamentos. Esse é o poder das histórias e dos arquétipos.
Coré era filha de Zeus e Deméter. Ela vivia uma vida primaveril no Olimpo. Enquanto tocava flauta e colhia plantas em lindos campos, com ar jovial e fresco, despertou a paixão de Hades, Rei da morte e do mundo inferior.
Hades decide pedir a Zeus, seu irmão, a permissão para casar com ela. Zeus, no entanto, enfrenta um dilema: ou cria uma divergência com o mais temido dos Deuses ou sujeita sua filha à vida no submundo e enfrenta o desagrado de Deméter.
Este foi um dos piores dilemas do Pai dos Céus. A obrigação que sentia de satisfazer a todos era impossível. Foi assim, que o destino assumiu os acontecimentos dessa história.
Hades decide assim raptar Coré e torná-la Rainha do mundo oculto. Quando sua mãe, Deméter, Deusa da Agricultura, descobre o seu rapto todas as plantações secam e o Olimpo fica em situação precária.
Nesse momento, Zeus informa que se Coré não tiver comido da Romã, esta deve voltar ao Olimpo. Porém, já era tarde demais. Coré, agora Perséfone, já havia comido a comida dos mortos e se apaixonado por Hades.
Deméter, então, mantém sua palavra e a maldição, provocando um inverno interminável. Zeus pede socorro à sua mãe Reia para encontrar uma solução justa para todos.
Assim, todos concordaram que Perséfone passaria 3 meses como Rainha do Tártaro e 9 meses retornaria ao Olimpo junto de sua mãe.
Esse mito explica o surgimento das estações do ano: os ciclos de morte e vida, mas principalmente é uma referência aos ciclos de transformação e renascimento pelo qual todos nós passamos ao enfrentar o nosso próprio submundo psicológico. Especialmente aqueles que surgem dos acontecimentos dolorosos da vida.
Perséfone nunca mais será Coré. Seu contato com o mundo interior tornou-a uma deusa sensível e intuitiva. Caso não tivesse experimentado o rapto, esse acontecimento dramático e o casulo das suas sombras, ela não teria ressurgido com um inconsciente fortalecido e alcançado sua versão transformada e nutrida que agora vive o ciclo de verão e a primavera da vida.