História de Mima Renard

A crença na “bruxaria” como forma de se relacionar com o mundo oculto existiu em diversas sociedades humanas ao longo da História. Porém, a chamada caça às bruxas funcionou como instrumento de castigo para estimular as pessoas a se adequarem às regras locais da época, ainda que não tivessem qualquer envolvimento com o sobrenatural.

A história de Mima Renard é um exemplo disso. Sua presença simplesmente incomodava.

O que se sabe dessa história é que ela casou-se na França e imigrou para o Brasil, com seu marido, René. 

Era comum, no séc. XVII, que os europeus decidissem migrar para o Novo Mundo visando encontrar fortunas. Acredita-se, assim, que essa foi a motivação da mudança do casal, ainda que pouco se saiba sobre suas vidas antes das primeiras acusações de bruxaria que aconteceram já no Brasil.

Desde que chegou à vila de São Paulo, ela chamou atenção pela sua beleza. Despertando o forte interesse dos homens e muito incômodo das mulheres. 

Tudo indica que seu crime foi ser bela demais. Só podia mesmo ser coisa de feiticeira…

O alvoroço foi tão grande que um dos homens interessados nela mata o seu marido. 

Com a morte dele, por não ter formas de se sustentar mais, ela se vê obrigada a se prostituir. 

Obviamente, a história da jovem que enfeitiçava os homens só cresceu depois disso. 

Até que uma briga entre dois de seus clientes, que eram casados, acaba em morte quando ambos a disputavam. Ela, então, leva a culpa. 

Com o corrido, as esposas dos seus clientes levam a denúncia de bruxaria até a paróquia local. Segundo elas, Mima enfeitiçava os homens e era perigosa.

Em 1692, ela foi executada de forma cruel, queimada em uma fogueira pública. 

Essa história mostra que a caça às bruxas não se resumiu a uma repreensão de práticas religiosas divergentes ao pregado pela Igreja, mas também serviu como instrumento de repressão sobre a vida e os corpos femininos.

Como disse Silvia Federici, autora do livro Calibã e a Bruxa, “também precisamos entender a caça às bruxas por um princípio de solidariedade para com essas mulheres, não deixando que os crimes do passado sejam ignorados. Há algo muito errado em não trazer para o presente o que aconteceu com essas mulheres.

 

#DICA

O livro 1692 é um conto inspirado nesta história real. 

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