História de Kinue Hitomi

Kinue Hitomi participou como única atleta mulher do Japão na Olimpíada de 1928, em Amsterdã.

Na ocasião, levou para casa a medalha de prata nos 800m, categoria que ela sequer havia treinado. Até os seus 24 anos, numa morte precoce, lutou pelo desenvolvimento do atletismo feminino no Japão.

Conheça essa história.

 

Contexto Social

Kinue Hitomi viveu em um período onde a Democracia Taisho havia acabado de surgir. Sua biógrafa, Yoshiko Tanaka, afirma que este foi um período onde se podia tomar decisões baseadas na sua opinião e ideias.

Porém, esta também foi uma época onde as mulheres raramente mostravam a pele ou moviam com destreza os seus corpos.

 

Primeiros Anos

Kinue estudou numa boa escola para meninas em Okayama. Lá aprendeu tênis e salto em distância, onde já batia recordes nacionais não oficiais.

O diretor da escola costumava dizer que a ideia de “uma esposa obediente e uma mulher devota estava ultrapassado”.

Foi nesse contexto que ela nutriu seus primeiros desejos de se tornar uma atleta.

Em 1924, ela foi para a Escola Nikaido Gymnastics, precursora da Japan Women 's College of Physical Education, onde teve treinamento com Tokuyo Nikaido, que havia estudado na Inglaterra.

Antes de frequentar a escola, seu pai se opôs dizendo que a escola valorizava apenas o corpo e não o cérebro. Porém, sua experiência no tênis a fazia crer que ela usava o cérebro, sim quando praticava esportes. Então, ela decide ir para a escola mesmo contrariando o pai.

 

Jogos Mundiais Femininos

Em 1926, ela participou dos Jogos Mundiais Femininos em Gotemburgo. Esses jogos aconteceram porque as mulheres não eram permitidas de participar nas Olimpíadas (ver #todasextacomelas da semana passada).

Na ocasião ela ganhou 1o lugar no salto em distância e salto em altura, batendo o recorde mundial.

 

Imagem das mulheres japonesas

Seu feito surpreendeu o mundo. Um repórter alemão escreveu: “Nossa imagem das mulheres japonesas é que elas são cobertas com kimonos chamativos do pescoço ao dedo do pé. Arruinam os pés em calçados tradicionais. Elas usam muito pó. Kinue revirou completamente a forma de vermos as mulheres japonesas. Ela tem uma grande estrutura como os ocidentais. Sua cara bronzeada é vibrante e animada.

Seu reconhecimento não foi apenas internacional, mas suas conquistas foram divulgadas no Japão, o que encorajou garotas japonesas a fazerem atletismo. 

Ela também enfrentou dificuldades. Inclusive, uma publicação na época a acusava de ser homem.

 

Olimpíadas de Amsterdã

Em 1928, ela foi a única mulher na delegação japonesa. 

Apesar de ter batido o recorde mundial nos 100m com 12,2 segundos, ela perdeu as semifinais e ficou em 4o lugar. Mas ela pensou que não poderia voltar ao Japão sem uma medalha, já que representava todas as mulheres japonesas.

Então ela decide participar dos 800m no qual ela nunca tinha praticado. Antes de cruzar a linha de chegada tudo ficou preto em sua volta e ela não lembra de nada. Porém, ela leva a medalha de prata para casa.

 

Morte precoce

Sua luta pelo desenvolvimento do atletismo feminino continuou e ela conseguiu levar mais 5 atletas mulheres para os Jogos Mundiais Femininos em Praga, em 1930. Mesmo sem apoio do governo, ela luta pelo patrocínio pedindo às escolas das atletas pela doação argumentando que elas estavam representando a escola. 

Mesmo pouco antes de morrer, debilitada, ela permaneceu lutando pela causa. 

Kinue Hitomi morreu aos 24 anos, três anos depois de conquistar a medalha olímpica, na mesma data, 2 de agosto, de pleurisia, inflamação dos pulmões, mas seu legado permanece um exemplo para todas as mulheres que ansiavam por seus espaços no mundo do esporte.

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