A beleza de uma mulher muitas vezes na História a reduziu a um papel meramente decorativo. Hedy Lamarr era considerada a mulher mais bonita do mundo, tendo inspirado personagens como Branca de Neve e Mulher Gato, mas estava longe de ser apenas isso. Sua carreira como atriz começa com um controverso papel no filme Ecstasy (1932). É a primeira vez que uma mulher aparece nua e simula um orgasmo em cena. “As pessoas nunca passam do seu rosto”, disse Hedy uma vez. Porém, sua história mostra que há algo muito mais belo quando arranhamos a superfície.
Com apenas 5 anos, Hedy desmontou e remontou uma caixa de música para entender a mecânica do objeto. Ela foi muito inspirada pelo pai que discutia frequentemente com ela o funcionamento das coisas.
Com a morte de seu pai, logo após a invasão nazista na Áustria, onde ela vivia com o marido, um fabricante de munições autoritário, ela decide fugir para Londres. “Ele era um monarca absoluto, e eu era como uma boneca(...) sem vida própria.”
Em Londres, ela conhece Louis B Mayer, fundador da MGM. Nessa época, ele oferecia salários pequenos aos atores europeus sabendo que eles estavam fugindo da guerra e aceitariam qualquer oportunidade. Ela, no entanto, recusa os 125$ semanais oferecidos por ele, mostrando sua coragem e tenacidade. Em seguida, ela compra um bilhete para o navio Normandie, que levaria Mayer de volta à NY. Numa festa de gala no navio se faz ser vista e admirada por todos à sua volta e acaba saindo de lá com um contrato de 500$ por semana.
Em NY, ela conhece, então, o piloto e empresário, Howard Hughes, que como ela tinha um grande interesse por inovação. Nessa época, mesmo depois de um dia inteiro de gravações, à noite ela ainda trabalhava em invenções. Hughes, então, dá para ela um conjunto de equipamentos que poderia ser usado dentro do trailer, entre as gravações. Com ele, conheceu as fábricas de aviões e o ajudou a criar aviões mais rápidos. Comprou um livro de peixes e outro de pássaros e olhando para os mais rápidos desenvolveu um novo design de asa.
Mas foi em 1940 que ela criou uma de suas maiores invenções: um novo sistema de comunicação que alternava frequências, e que mais tarde seria a base do celular, do wi-fi, do gps, do bluetooth e de tecnologias de guerra. Junto com George Antheil, compositor experimental, começaram a mexer em ideias para combater os poderes do Eixo. “Invenções são muito fáceis para mim”, dizia ela. A ideia era sintonizar a frequência de rádio do navio e do torpedo, que saltava de frequência, sendo assim impossível interceptá-lo.
Porém, a Marinha recusa a implementação da patente, em 1941. Imagina se aceitariam a invenção de uma mulher, ainda mais famosa... Ela, então, usa sua fama para apoiar os Aliados de outra forma.
Há, no entanto, comprovações que indicam que sua patente foi usada pela Marinha, anos depois, em 1959, antes da sua expiração. Porém, ela nunca recebeu qualquer valor por ela. Calcula-se que o valor de mercado da sua invenção é estimado em 30$ bilhões.
Foi somente nos anos 90 que os meios de comunicação começaram a contar a sobre as suas invenções, resgatando sua verdadeira história. Em 1997, é concedido à ela e ao Antheil o prêmio Pioneer da Electronic Frontier Foundation.
Antes de morrer, no ano 2000, ela afirma e nos ensina: “o que você passou anos construindo pode ser destruído da noite para o dia. Construa de toda forma.”