História de Harriet Powers

Harriet Powers é considerada uma das mais importantes quilteiras afro-americanas do século XIX. 

Seus quilts narrativos, que combinam histórias bíblicas, eventos da história e cenas da vida diária, são reconhecidos por sua complexidade e beleza. 

No entanto, sua trajetória foi obscurecida pelo racismo de uma sociedade que não valorizava suas contribuições artísticas. Foi somente na década de 70 que suas colchas do século XIX ganharam interesse no campo da Arte.

 

O Início

Harriet Powers nasceu em 1837, em Clarke County, Geórgia, em uma plantação de escravos. 

Como muitas mulheres escravizadas, Powers provavelmente costurava roupas, roupas de cama e outros itens para as famílias dos proprietários das plantações. Porém, diferentemente de muitas outras, ela aprendeu a ler e escrever.

Desde cedo, ela também aprendeu a arte do quilt com outras mulheres escravizadas, que usavam essa forma de arte para contar histórias e preservar a técnica que tem raízes na África Ocidental. 

 

Emancipação 

Após a Guerra Civil Americana, Harriet, o marido e os filhos foram emancipados. Acredita-se que ela teve pelo menos nove filhos.

Por volta de 1894, o marido de Powers a deixa e embora a maior parte da terra do casal tivesse que ser vendida, ela conseguiu manter sua casa. Ela não se casou novamente e provavelmente se sustentou como costureira pelo resto da vida.

Powers escreveu Cartas que se referem a várias colchas que ela fez, mas apenas duas sobrevivem: a colcha bíblica, que está alocada no Smithsonian National Museum of American History, Washington, D.C., e a colcha pictórica, realizada no Museu de Belas Artes, Boston.

Os quilts de Harriet eram muito mais do que simples cobertores. Eles eram narrativas visuais. Eles contavam histórias. 


A Colcha Bíblica

A mais antiga das colchas de história conhecidas de Powers é a colcha bíblica, que ela exibiu em uma feira de algodão de 1886 em Atenas. Em 11 painéis separados por faixas grossas, a colcha retrata histórias da Bíblia

Na feira, uma mulher chamada Jennie Smith ficou impressionada com a colcha e se aproximou de Powers para comprá-la. Powers recusou vender, mas alguns anos depois, durante um período de dificuldade financeira, acabou cedendo e a vendeu por U$5. 

Antes de deixar sua colcha nas mãos de Smith, Powers explicou em detalhes a história contada em cada painel, e Smith escreveu essas descrições em seu diário, criando um registro histórico.


A Colcha Pictórica

De acordo com a história da família, o reverendo Charles Cuthbert Hall recebeu esta colcha como presente de um grupo de professoras da Universidade de Atlanta, em 1898. 

As cenas do Antigo e do Novo Testamento desta colcha eram um presente apropriado para um ministro presbiteriano. 

Harriet Powers descreve nela quatro histórias de fenômenos naturais e uma lição de moralidade.

 

Reconhecimento Tardio

Em vida, seu trabalho foi frequentemente desvalorizado por ser considerado na narrativa da época "arte de mulher" e por estar associado à cultura afro-americana, marginalizada na sociedade.

Porém, Harriet foi redescoberta no século XX. Seus trabalhos foram finalmente reconhecidos como importantes exemplos de arte popular americana e começaram a ser exibidos em museus e galerias. 

O "Bible Quilt" e o "Pictorial Quilt" de Harriet são agora considerados tesouros nacionais e são estudados por sua complexidade técnica e seu valor cultural.

 

Conclusão

A historiadora Kyra Hicks, que investigou sua biografia, nos conta que Harriet Powers foi uma quilter letrada e premiada, que costurou pelo menos cinco colchas e promoveu seu próprio trabalho artístico.

Harriet nos ensina que a arte têxtil feminina é uma poderosa ferramenta de resistência cultural e de preservação da memória e da história no tempo. Harriet pode não ter ficado nos livros de História, mas as suas histórias contadas a partir de sua Arte resistiram.

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