Contar uma história no feminino é dar à mulher seu lugar de protagonista. São muitas as mulheres que ocuparam o segundo plano na história dos homens. Essa é uma forma de silenciamento bastante comum e tem tudo a ver com a história do #todasextacomelas de hoje.
Emilie Flöge é conhecida como a musa de Gustav Klimt. Muitas vezes apelidada de “Frau Klimt”, ela aparece em um retrato feito por ele, com vestido azul que parece imitar uma escama de peixe. A irmã de Emilie, Helena, se casou com o irmão de Gustav e foi assim que eles se conheceram. Muito se especula até hoje se teriam vivido um amor ou apenas uma amizade platônica. Nas cartas pouco fica claro. No entanto, há quem acredite que o casal no quadro mais famoso do pintor, “O Beijo”, sejam eles dois.
Apesar dessa parte da história ser bastante conhecida, pouco se relatou ao longo dos anos sobre a vida da mulher que criou seu próprio Salão de Moda, o que hoje seria chamado de loja conceito, e teve enorme sucesso como empreendedora independente numa época em que as mulheres enfrentavam muitas restrições.
Emilie Flöge administrava com as irmãs uma das principais casas de moda de Viena, o Schwestern Flöge, chegando a ter nos seus melhores anos cerca de 80 assistentes e costureiras. Com uma visão de futuro bastante evidente, ela ajudou a espalhar o chamado “estilo de reforma”, uma recusa radical do espartilho e da cintura marcada, associado aos movimentos feministas da época.
Ela fazia parte de um movimento que queria ver a Arte Moderna em todas as áreas da vida, nos móveis, na moda etc. Nesse sentido, a colaboração mútua entre Emilie e Gustav foi bastante intensa. Enquanto ele apresentava os vestidos dela para as mulheres da alta sociedade que ele pintava e para seus patronos, ela emprestava as modelos e seus vestidos para que ele pintasse.
Na iminência do Terceiro Reich, ela fecha as portas, pois seus clientes mais importantes eram judeus, passando a trabalhar no último andar de sua casa. Pouco se sabe sobre os anos tardios de sua vida, pois após a morte de Klimt, em 1918, os registros de sua vida ficaram escassos.
A verdade é que ela viveu em uma época em que o protagonismo de mulheres inovadoras era muitas vezes apagado. Hoje, o fato de Emilie ser mais conhecida pelo seu relacionamento com Klimt negligência suas criações requintadas e o seu sucesso empreendedor independente. Por isso, é importante espalharmos as histórias no feminino!