História de Dália Cunha

 

Dália Cunha participou junto com a sua irmã Natália Cunha e Maria Laura Amorim dos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinki.

Não levou medalhas para casa, mas abriu a porta para a participação de mais mulheres portuguesas nos Jogos Olímpicos. Teve uma vida dedicada à prática esportiva com uma lista impressionante de atividades.

 

Contexto Social

Dália viveu no período do governo de Salazar, o mais duradouro governo autoritário da Europa Ocidental, onde era suposto as mulheres serem boas donas de casa e mais nada.

Dália e sua irmã, no entanto, receberam forte influência do pai, que era uma pessoa extremamente engajada em atividades esportivas. Esse fato não só a influenciou, como permitiu que elas praticassem esporte. Nesta época, era necessário uma  permissão do acesso ao desporto pelo pai para que as mulheres pudessem treinar livremente.

 

Primeiros Anos

A primeira disputa que ganhou, ainda na infância, foi uma corrida de sacos. Aos 9 anos estreia no tiro ao alvo e começa a se destacar ganhando medalhas.

Dália entrou para a equipa de atletismo feminino do Sporting Clube de Portugal em 1946

Foi campeã de Portugal no lançamento de peso nas épocas de 1946 e 1947, e campeã de Lisboa nos 80m barreiras, no salto em altura e no lançamento de peso. Em 10 de julho de 1948 estabeleceu um novo máximo nacional do lançamento do peso, com a marca de 9,73 m, um recorde que perduraria durante 12 anos.

 

Ginástica e os primeiros Jogos Olímpicos

Como ginasta, representou o Ginásio Clube Português, e nesta modalidade tornou-se uma das primeiras portuguesas a participar nos Jogos Olímpicos, marcando presença nos Jogos Olímpicos de Verão de 1952, alcançando o 109º lugar entre 159 atletas. 

Foi acompanhada por Joseph Sammer, o seu treinador e namorado, um alemão com quem casaria mais tarde e que era conhecido por ser um treinador bastante rigoroso. 

 

Morte da Irmã e os Jogos Olímpicos de Roma

Sua irmã morreu em um acidente de carro, juntamente com o seu marido e filho, por volta dos 31 anos. 

Dália, então, voltou a participar nos Jogos Olímpicos de Verão de 1960, em Roma, desta vez sem a irmã, repetindo a mesma posição que alcançou oito anos antes.

 

Desportista Eclética

Dália foi ainda campeã de ciclismo, patinadora e praticante de saltos acrobáticos.

Na sua extensa lista de atividades estavam também o esqui, o toureio a pé e a cavalo, o automobilismo e a pilotagem de aviões.

Posteriormente, desenvolveu a carreira de treinadora na Física de Torres Vedras.

 

Últimos anos

Em entrevistas revelou que sempre assistia aos Jogos Olímpicos e ficava profundamente emocionada com a participação das mulheres. 

Aos 83 anos, uma jornalista confirma que ela acendeu com um pé a luz do patamar do prédio, revelando que sua flexibilidade e habilidade corporal a acompanharam até os últimos anos.

Ela faleceu aos 93 anos de idade, em 2022.

 

Conclusão

Dália Cunha foi uma jovem irreverente e destemida para o seu tempo. Apesar do contexto social e político pouco favorável, mas com apoio familiar muito presente, e uma ousadia particular, seus feitos se tornaram históricos.

Seu pioneirismo abriu caminho para que as mulheres que vieram depois encontrassem mais facilidade no mundo do esporte.

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