E se a gente pudesse conhecer a história de 4 mulheres e ao mesmo tempo aprender sobre as Ondas Feministas?
Foi assim que surgiu o tema deste mês no #todasextacomelas.
Começaremos com Christine de Pizan, uma pré-feminista que antecede a primeira Onda.
Contexto Histórico
O feminismo enquanto movimento organizado de mulheres só surge lá pela metade do século XIX (1a Onda do Feminismo), mas, obviamente, isso não significa que, antes disso, mulheres não desafiavam o status quo propondo um mundo mais igualitário.
A história de Christine de Pizan é a história de uma mulher conhecida por criticar a misoginia presente no meio literário, predominantemente masculino, no final da Idade Média, e defender o papel vital das mulheres na sociedade.
Christine de Pizan foi uma poetisa e filósofa italiana que viveu na França durante a primeira metade do século XV.
Foi, inclusive, a primeira mulher francesa de letras a viver do seu trabalho.
Ela tinha 4 anos quando se mudou para Paris com a família. Seu pai era astrólogo do Rei.
De repente muda tudo
Em 1380, ela se casa e tem dois filhos e uma filha. Porém, seu marido morre 9 anos depois precocemente e pouco depois do falecimento do seu pai.
Esse é um evento muito marcante, já que uma vez viúva, ela se vê obrigada a encontrar meios para o sustento próprio e de sua família.
Em 1390, Cristina começou a compor poesias, as quais lhe renderam significativa atenção na corte.
Autora e Editora
Convém observar que no período medieval a viuvez entre aristocratas representava um estado de grande liberdade para as mulheres, já que elas podiam decidir não se casar novamente.
Assim, Christine se tornou autora, editora e também se envolveu diretamente na confecção de seus livros: orientando copistas e artistas sobre como ilustrar seus manuscritos.
Obras Anti Misóginas
A notoriedade alcançada por Christine como escritora foram os seus escritos em resposta ao famoso poema Roman de la rose (Romance da rosa), um dos livros mais populares em toda Europa no século XIII, de cunho misógino, representando as mulheres como nada mais que sedutoras, numa mordaz sátira às convenções do amor cortês.
Em sua crítica, ela afirma que o poema era infundado e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina.
Por conta disso, ela é considerada, ainda hoje, precursora do feminismo moderno.
Livro Cidade das Mulheres
O Livro da Cidade de Mulheres, foi escrito em 1405, e descreve uma cidade utópica constituída de mulheres, tendo como exemplos mulheres virtuosas de todos os tempos. Ele pode ser lido como um catálogo de mulheres ilustres (ou o #todasextacomelas da Idade Média 🤣) já que ela compilou mais de 150 relatos biográficos.
Nesse livro, Pizan pretendeu fornecer evidências suficientes de que a natureza feminina é compatível com o pleno uso da razão.
Ela ainda redefine alguns mitos, criando versões alternativas para algumas das imagens deturpadas do feminino presentes na literatura.