História de Chimamanda Ngozi Adichie

Inauguramos o tema deste mês “Mulheres e Migração” com a história de Chimamanda Ngozi Adichie. Não à toa seu nome foi escolhido para abrir esse tema. Em uma das palestras mais assistidas do TEDx Talks, ela nos conta sobre o perigo de uma única história, nos fazendo refletir sobre a imagem que temos de cada povo. Afinal, o que sabemos de pessoas que vêm de outros lugares? E como criamos tais imagens?

Chimamanda Ngozi Adichie é considerada uma das grandes escritoras de sua geração e é uma voz proeminente da literatura africana contemporânea.

Entre suas publicações estão Purple Hibiscus (traduzido como Hibisco Roxo no Brasil e A Cor do Hibisco em Portugal), publicado em 2003; Half of a Yellow Sun (Meio sol amarelo), publicado em 2006, e ganhou o Orange Prize na categoria de ficção em 2007. Em 2013, ela publicou seu terceiro romance, Americanah.

Sua história começa na Nigéria. Seu pai, James Nwoye Adichie, era professor de Estatística na universidade. E sua mãe, Grace Ifeoma, foi a primeira mulher a trabalhar como administradora no mesmo local. Em entrevista, ela relata que a mãe incentivou-a a se interessar tanto pelas coisas consideradas “de menina” quanto por outras não estereotipadas.

Seus avós participaram do movimento separatista que culminou na Guerra da Biafra. A família perdeu quase tudo nessa época.

Chimamanda estudou medicina e farmácia por um ano e meio na Universidade da Nigéria. Durante este período, ela atuou como editora na revista “The Compass”, dirigida pelos alunos de medicina da universidade católica.

Chimamanda migrou aos 19 anos para os Estados Unidos, por conta de uma bolsa para estudar Comunicação na Universidade de Drexel, na Pensilvânia.

Sobre sua vivência nos EUA, ela diz que se sentiu “profundamente irritada” em como os americanos viam a África como um lugar monolítico, e com a mistura de ignorância e arrogância em relação às pessoas que vinham de lá.

Chimamanda se transferiu para a Universidade de Connecticut para ficar perto de sua irmã. Em 2003, completou seu mestrado em escrita criativa na Universidade Johns Hopkins de Baltimore, e em 2008, recebeu o certificado como mestre de artes em estudos africanos pela Universidade Yale.

Em 2012, ela falou sobre ser feminista para o TEDxEuston com seu discurso “Todos devemos ser feministas” que iniciou uma conversa mundial sobre o tema e foi publicado como um livro em 2014, que vendeu milhões de cópias pelo mundo e foi sampleado para a música “Flawless” da Beyoncé.

Para ela, “quando rejeitamos uma única história, quando percebemos que nunca há apenas uma história sobre nenhum lugar, nós reconquistamos um tipo de paraíso.”

Em seus textos e livros, Chimamanda Adichie investiga detalhes da Nigéria, da América e da experiência dos imigrantes, mas para além disso, ela aborda a questão dos gêneros e comenta que as mulheres lidam de maneira diferente com a imigração, e abre a discussão sobre os abusos sofridos e a solidão de uma mulher imigrante.

Assim como ela sugere no TEDx Talks “O perigo de uma única história”, as imagens que fazemos de pessoas de outros lugares é construído pelas histórias que escutamos.

Então, a sugestão que eu deixo aqui, também como mulher migrante, é: quanto mais narrativas diversas conhecermos, mais completa será nossa compreensão sobre um determinado assunto.

E a pergunta que fica para reflexão esse mês é: quais narrativas femininas sobre a migração podemos conhecer para expandir nossa visão sobre o assunto?

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